Lab de Criatividade com Thiago Gringon do @kreakatali |
“Há espaço para criatividade em nossas escolas?”
A pergunta formulada por Thiago Gringoni, encantador de criatividade de São Paulo, durante o último encontro do Grupo para Educadores Globais e a escola planejada por Takaharu Tekuda, arquiteto japonês, para crianças de cincos anos, muito têm me inquietado.
De um lado, Gringon propõe que o ambiente da escola seja propício ao desenvolvimento da criatividade e que encoraje os alunos a desenvolverem produtos que demonstrem o seu potencial criativo. Takaharu Trekuda traz a resposta, tendo criado um ambiente onde as
crianças correm riscos, se atrevem, sobem em árvores e onde não há limites entre o ambiente externo e o interno. Independente das condições climáticas no Japão, Tekuda projetou uma escola aberta em que as crianças podem sair e voltar para o espaço pedagógico quando quiserem. E, acreditem, elas voltam.
Outras alternativas já foram desenvolvidas e contrariam o modelo vigente de educação, como a Escola da Ponte, em Portugal; o Projeto Âncora em São Paulo; o Blue Men School em Nova York, para citar alguns. Até quando, no entanto, nossas escolas parecerão com caixas onde o conhecimento é transmitido em lugar de ser construído por meio da experiência como há tanto propuseram Piaget, Maria Montessori, Jacob Levy Moreno e tantos
Se a resposta estiver na criatividade aqui entendida “como uma coisa legal que cria outra coisa legal”, como afirmou um dos alunos de Gringoni em São Paulo, já é tempo de arregaçarmos a manga e considerar a criatividade em nossas salas de aula. Entendo que temos um conteúdo programático para ser “vencido”, mas de que formas criativas o conteúdo pode
Já sabemos o que vai acontecer se insistirmos em usar o mesmo modelo educacional. Então, por que não ousar? Trabalhar com pedagogia de projetos é um dos caminhos, considerar a escola como um ambiente fisicamente propício para o desenvolvimento das
crianças deve também ser levado em conta. No entanto, antes de propor a revolução
educacional e, cá entre nós, não tenho mais idade para ver o resultado disso, que abramos
espaço para o novo em nossas próprias salas de aula – cheia de regras e paredes.
Levei meus alunos para a galeria de arte. Pedi que eles observassem as obras e, em
grupos, construíssem frases com “negative adverbs” (nosso conteúdo, no momento). Apenas porque saíram da sala de aula e foram expostos a um outro insumo, as respostas foram muito além do esperado, “not only did he do his homework, but he also wrote his composition”. Em lugar disso, fui presenteada com “Not only did the artist try to make the sculpture invade the space, but he also allowed us to touch it.”
Tenho certeza de que muitos professores fazem isso. E torço para que continuem a
fazê-lo. Eu vou ressuscitar meu cachorro invisível – que usava para dar aulas há décadas – e que foi aposentado porque eu não mais me via com um cachorro que falava com os alunos por meio da minha voz e com o qual eles interagiam. Senti saudade de mim e, hoje, com certeza,
o meu cachorro invisível voltará à ativa.
Obrigada, Gringoni! Obrigada, Tekuda!